Internacional
Comunicações são restabelecidas gradualmente em Gaza

Os moradores de Gaza procuravam por entes queridos e ouviam notícias de familiares mortos enquanto as comunicações retornavam gradualmente ao enclave neste domingo (29), após um blecaute quase total enquanto as tropas e blindados de Israel avançavam para o enclave governado pelo Hamas.
A Organização das Nações Unidas também alertou que os palestinos estavam desesperados por comida e que a ordem civil estava em colapso após três semanas de guerra com militantes do Hamas e um cerco à faixa costeira densamente povoada.
Os combates intensificaram-se na noite de sexta-feira, quando as forças israelenses realizaram operações terrestres em Gaza, no que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descreveu como a segunda fase da guerra que visa esmagar o Hamas.
Shaban Ahmed, um funcionário público que trabalha como engenheiro e tem cinco filhos, descreveu os ataques israelenses como um “dia do juízo final”.
“Esta manhã, domingo, descobri que meu primo foi morto em um ataque aéreo contra a casa deles na sexta-feira”, disse à Reuters Ahmed, que permaneceu na cidade de Gaza apesar de um alerta israelense para ir para o sul.
“Só soubemos hoje. Israel nos isolou do mundo para nos exterminar, mas estamos ouvindo sons de explosões e estamos orgulhosos de que os combatentes da resistência os deteram a metros de distância.”
O principal porta-voz militar de Israel recusou-se a dizer se Israel estava por trás do apagão das telecomunicações, mas disse que faria o que fosse necessário para proteger as suas forças.
Os ataques aéreos israelenses têm atingido a cidade de Gaza desde o ataque do Hamas em 7 de outubro ao sul de Israel, no qual as autoridades israelenses disseram que pelo menos 1.400 israelenses foram mortos no dia mais mortal dos 75 anos de história do país.
Ahmed disse que os ataques aéreos, marítimos e terrestres de sexta-feira continuaram ininterruptos por horas.
O Hamas disse neste domingo que continuava a confrontar as forças israelenses, que mantinham as operações terrestres.
O Ministério da Saúde de Gaza disse neste domingo que um total de 8.005 pessoas foram mortas desde 7 de outubro.
Ordem CIvil
Os palestinos lutavam para encontrar os seus entes queridos no meio do caos sangrento com uma crescente crise humanitária afetando Gaza. Uma mulher que procurava um de seus filhos parou sobre os escombros na Cidade de Gaza e gritou: “Não sei onde ele está”.
Noutra parte de Gaza, as pessoas procuraram sobreviventes após os ataques aéreos israelenses no bairro de Al-Nasir. Pessoas retiraram um corpo dos escombros enquanto a fumaça subia. Uma mulher gritou. Outros carregaram os feridos.
Muitas pessoas têm estado coladas a rádios enferrujados em busca de notícias, que se tornaram o único meio de obter informações sobre os mais pesados ataques aéreos israelenses na estreita Faixa de Gaza, um dos locais mais densamente povoados do mundo, com a internet e os telefones desligados.
Os serviços médicos ficaram tão sobrecarregados que as ambulâncias não atendiam mais chamadas. As pessoas atingidas pelos bombardeios dependiam de voluntários para levá-las para receber ajuda.
Os ataques aéreos concentraram-se fortemente em áreas no norte de Gaza, incluindo a Cidade de Gaza, onde ocorriam incursões terrestres.
Pessoas no sul da Faixa de Gaza disseram que ouviram as explosões e viram o céu iluminar-se – mas não tinham meios de checar a situação de familiares e amigos nas áreas visadas.
“Gaza está isolada do resto do mundo. Os ataques estão acontecendo bem perto de nós, ao nosso redor e ninguém consegue nos alcançar ou localizar o ataque”, disse Um Yehia, morador de Gaza, que foi para o sul após o alerta israelense e agora está abrigado no Hospital Nasser em Khan Younis.
A barbearia de Bilal Abu Mostafa foi destruída há duas semanas. Tal como muitos habitantes de Gaza, ele abrigou-se num hospital, onde os médicos lutam para acompanhar o ritmo das vítimas.
Ele transformou uma ambulância danificada em uma barbearia improvisada.
Depois de escurecer, ele sobe a um quarto de hospital para cortar o cabelo de “pessoas gravemente queimadas ou quebradas e que não podem descer”.
(Com reportagem adicional de Motasem Mortaga)
*É proibida a reprodução deste conteúdo.
Internacional
Direita vence eleições legislativas em Portugal

O Chega, partido de extrema direita de Portugal, obteve número recorde de votos nas eleições antecipadas desse domingo (18) e estava na disputa para se tornar o principal partido de oposição, depois que a Aliança Democrática (AD), de centro-direita, ficou novamente aquém da maioria necessária para pôr fim a um longo período de instabilidade.
O primeiro-ministro Luís Montenegro – cujo grupo conquistou o maior número de cadeiras – disse que o resultado da eleição foi um voto de confiança em seu partido. Entretanto, com os votos do exterior ainda a serem contados, o Chega poderia suplantar os socialistas de centro-esquerda como líder da oposição, pondo fim a cinco décadas de domínio dos dois maiores partidos do país.
“Fizemos o que nenhum outro partido jamais conseguiu em Portugal. Hoje, podemos declarar com segurança, diante de todo o país, que o bipartidarismo em Portugal acabou”, disse o líder do Chega, André Ventura, a uma multidão de apoiadores em Lisboa.
“Nada será como antes”, declarou ele, destacando que a ascensão contínua do Chega, que ele fundou há apenas seis anos, provou que a maioria das pesquisas de opinião estava errada.
O Chega conquistou mais oito cadeiras, totalizando 58 no Parlamento de 230 lugares, obtendo um recorde de 1,34 milhão de votos, ou 22,6%.
Montenegro, cuja AD conquistou 89 cadeiras — nove a mais do que na eleição anterior — e 32,1% dos votos, recusou-se a fazer acordos com o Chega e disse que formaria um novo governo minoritário.
O Chega, que se aliou aos partidos de extrema direita e anti-imigração da Europa, como o Reunião Nacional de Marine Le Pen na França e o AfD da Alemanha, propôs sentenças mais duras para criminosos, incluindo castração química para estupradores reincidentes, e pediu o fim da imigração de “portas abertas”. Também acusou os partidos tradicionais de perpetuarem a corrupção.
A continuidade da instabilidade política pode atrasar as reformas estruturais e os grandes projetos em Portugal, incluindo a mineração de lítio no norte do país, além de comprometer a aplicação eficiente dos fundos da União Europeia e a privatização da companhia aérea TAP, há muito adiada.
A eleição, a terceira em três anos, foi convocada um ano após o início do mandato de um governo minoritário da AD, depois que Montenegro não conseguiu ganhar um voto de confiança em março, quando a oposição questionou sua integridade em relação às negociações da empresa de consultoria de sua família. Ele negou qualquer irregularidade.
“Os portugueses não querem mais eleições antecipadas, querem uma legislatura de quatro anos”, afirmou Montenegro, enquanto seus partidários entoavam “Deixem Luís trabalhar”, seu slogan de campanha.
Os eleitores pareceram punir os socialistas por seu papel na queda do governo de Montenegro, com o partido caindo de 78 para 58 cadeiras, o que levou o líder Pedro Nuno Santos a dizer que renunciaria ao cargo.
Em Lisboa, alguns moradores estavam preocupados com o que o aumento do Chega poderia significar para a democracia de Portugal, comparando o partido ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Antonio Albuquerque, de 65 anos, disse que foi a primeira vez em sua vida que não votou porque não confiava em nenhum dos partidos.
“Olhe para o outro lado do oceano e veja se há risco ou não. O que Trump está fazendo? Acho que estamos em perigo”, afirmou.
*É proibida a reprodução deste conteúdo.
Internacional
Pesquisadores acusam Israel de “genocídio em tempo real” na Palestina

“Estamos no momento do primeiro genocídio em tempo real e as pessoas não se sensibilizam”. A reflexão sobre o extermínio dos palestinos, provocada pelo professor e pesquisador Walter Lippold, sintetiza o teor de um dos debates da CryptoRave, o maior evento gratuito e aberto sobre segurança e privacidade do mundo, encerrado neste sábado (17), na capital paulista.
A contribuição de Lippold é especialmente importante nesta semana, quando diversas iniciativas convocam a sociedade em geral a pensar uma vez mais sobre os ataques realizados por Israel e a Nakba, marco trágico da história da Palestina, de 1948.
Na palestra “Condições Sociotécnicas do Genocídio Palestino”, conduzida em parceria com o também pesquisador e docente Deivison Faustino, da Universidade de São Paulo (USP), Lippold defendeu a rotulação das big techs, ou seja, as gigantes da tecnologia, como “necrocorporações” nesse contexto.
Em um dos auditórios mais cheios da CryptoRave, Lippold afirmou, ainda, que o genocídio coloca um alvo em palestinos e tem tirado a vida também de jornalistas e equipes de ajuda humanitária. Ele observou que o sentimento de horror e pavor vai sendo sustentado não somente por “pilhas de cadáveres” pelas ruas, mas pelo rastreio constante das vítimas.
“Há [uma estratégia de] busca e caça através dessas tecnologias. O horror nos relatos de palestinos que dormem sob o som de drones. O terror que essas tecnologias causam no psicológico, não só no sentido de bombardeio, de despedaçamento da carne, das pilhas de cadáveres infantis. Há também uma guerra psicológica, um terrorismo psicológico”, disse Lippold, que atualmente leciona no curso Uniafro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Lippold, que é doutor em história, voltou no tempo para vasculhar outros períodos em que governantes decidiram usar esse tipo de tecnologia para a subjugação de determinados grupos populacionais, como a guerra da Argélia e a do Exército britânico contra os bôeres.
O acadêmico mencionou que o governo de Barack Obama utilizou amplamente ferramentas de predição do inimigo, o que difere de previsão, pontuando que predição funciona com base na vigilância ininterrupta e que permite que se identifique as rotas costumeiras de um alvo. Segundo ele, enquanto Obama esteve no poder, morreram pessoas cuja identidade nem se sabia direito.
A dronificação da guerra e o vigilantismo digital, prosseguiu Lippold, são algumas das particularidades do que ocorre hoje, nos ataques promovidos por Israel. Isso se verifica nas explosões just in time, disparadas por aparelhos de pagers e walkie-talkies. Um dos casos, em que foi usado um pager do modelo AR-924, uma menina de 9 anos de idade foi morta no Líbano, em 2024.
De acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), que analisou dados de novembro de 2023 a abril de 2024, quase 70% das vítimas mortas em Gaza eram crianças e mulheres. Cerca de 80% delas estavam em edifícios residenciais na hora em que foram mortas.
Racismo
Uma das referências que mais influenciam o trabalho de Lippold é a obra do pensador negro Frantz Omar Fanon, que ficou famoso por escrever o livro Pele negra, máscaras brancas. Ele lembra que o filósofo e psiquiatra dizia que colonialismo, capitalismo e racismo estão atrelados e que na sua época – Fanon viveu entre as décadas de 1920 e 1960 – os direitos humanos valiam somente para europeus. A desumanização de não europeus denunciada pelo martinicano ainda estaria em curso nos dias de hoje.
O outro palestrante da mesa da CryptoRave, Deivison Faustino, também entende que “o racismo é um elemento sem o qual a gente não compreende o capitalismo”. Para ele, assegurar, por exemplo, cidadania somente a quem é considerado alguém “de sangue puro” é algo que sempre existiu.
“Mas a gente pode pensar no papel do racismo na produção, na construção de outros matáveis”, afirmou o pesquisador.
Faustino, que publicou, recentemente, com o colega da UFRGS, o livro Colonialismo Digital: por uma crítica hacker-fanoniana, argumentou, ainda, que o que vitima agora os palestinos marca uma “crise estrutural”.
“A guerra não pode mais ser localizada, a guerra hoje diz muito sobre nós que estamos fora”, alertou.
Em julho e 2024, durante um discurso no Congresso dos EUA, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a acusação de genocídio visa “deslegitimar Israel, demonizar o Estado judeu e demonizar os judeus em todos os lugares”. Na ocasião, Israel apresentou mais de 30 documentos, incluindo resumos de reuniões de gabinete, para tentar demonstrar que tomou medidas para reforçar a ajuda humanitária e o apoio médico aos civis palestinos nos primeiros meses da guerra.
* Matéria alterada para correção de expressão usada por pesquisadores para definir o genocídio em curso na Palestina.
Internacional
Ataques israelenses matam dezenas em Gaza enquanto Trump visita região

Ataques militares israelenses mataram pelo menos 60 pessoas na Faixa de Gaza nesta quinta-feira (15) , disseram médicos palestinos, enquanto os Estados Unidos e os mediadores árabes pressionam por um acordo de cessar-fogo, e o presidente dos EUA, Donald Trump, visita o Oriente Médio.
A maioria das vítimas, incluindo mulheres e crianças, foi morta em Khan Younis, no Sul de Gaza, em ataques aéreos que atingiram casas e barracas, disseram eles.
Entre os mortos estava o jornalista local Hassan Samour, que trabalhava para a estação de rádio Aqsa, administrada pelo Hamas, e foi morto junto com 11 membros da família quando sua casa foi atingida, segundo os médicos.
Os militares israelenses não comentaram a morte do jornalista. Eles intensificaram a ofensiva em Gaza enquanto tentam erradicar o Hamas, em retaliação aos ataques mortais que o grupo militante palestino realizou contra Israel em outubro de 2023.
Em comunicado, o Hamas disse que Israel estava fazendo uma “tentativa desesperada de negociar sob a cobertura de fogo”, à medida que conversações indiretas de cessar-fogo ocorriam entre Israel e o Hamas, envolvendo enviados de Trump e mediadores do Catar e do Egito em Doha.
Israel realizou os últimos ataques no dia em que os palestinos marcam a Nakba, ou catástrofe, quando centenas de milhares de pessoas fugiram ou foram forçadas a fugir de suas cidades natais e vilarejos durante a guerra de 1948 no Oriente Médio, que deu origem ao Estado de Israel.
Com a maioria dos 2,3 milhões de pessoas em Gaza deslocadas internamente, alguns residentes do pequeno enclave dizem que o sofrimento é maior agora do que na época da Nakba.
“O que estamos vivenciando agora é ainda pior do que a Nakba de 1948”, afirmou Ahmed Hamad, um palestino da Cidade de Gaza que foi deslocado várias vezes.
“A verdade é que vivemos em um estado constante de violência e deslocamento. Onde quer que vamos, enfrentamos ataques. A morte nos cerca por toda parte.”
As autoridades de saúde palestinas dizem que os ataques israelenses aumentaram desde que Trump iniciou uma visita na terça-feira (13) aos Estados do Golfo da Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, que muitos palestinos esperavam que ele usasse para pressionar por uma trégua.
Ontem, os ataques israelenses ao enclave mataram pelo menos 80 pessoas, segundo autoridades de saúde locais.
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